Arqueólogos revelam cultivo avançado de milho na antiga civilização Casarabe

Pesquisas recentes têm lançado luz sobre a civilização Casarabe, que habitou a região dos Llanos de Moxos, na Bolívia, entre 500 e 1400 E.C.. Um estudo publicado na revista Nature confirma que esse grupo desenvolveu um sistema sofisticado de engenharia agrícola, permitindo a produção intensiva de milho, fundamental para a sustentação de sua sociedade.

A descoberta mostra que os Casarabe construíram canais de drenagem e lagoas artificiais, possibilitando o cultivo de milho mesmo em períodos de seca, com até duas colheitas por ano. A pesquisa utilizou a tecnologia LiDAR, que identifica estruturas ocultas sob a vegetação, além de análises de sedimentos e grãos de pólen para reconstituir o ambiente da época.

Agricultura sustentável e a preservação da floresta

Diferente de outras culturas amazônicas, os Casarabe não praticavam a agricultura de corte e queima, preservando as áreas florestais para obtenção de lenha, plantas medicinais e materiais de construção. Segundo o geomorfólogo Umberto Lombardo, da Universitat Autònoma de Barcelona, essa estratégia de adaptação pode ter impulsionado um crescimento populacional sem precedentes na região.

Para o arqueólogo Eduardo Góes Neves, da USP, a pesquisa desafia a visão tradicional de que sociedades amazônicas antigas dependiam de policultura. “Esses dados mostram uma forte correlação entre a arquitetura monumental e o cultivo do milho”, destaca.

A descoberta reforça a ideia de que a Amazônia pré-colombiana era habitada por sociedades organizadas e tecnologicamente avançadas, capazes de transformar o ambiente sem destruir sua biodiversidade.

By Paula Santinati

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